O índice de recuperação de crédito do santa-mariense tem sido maior este ano se comparado com 2016. Dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Maria (CDLSM) mostram que o número de consumidores que foram registrados entre janeiro e setembro de 2016 caiu 39% em relação ao mesmo período de 2017. Foram cerca de 87 mil no ano passado contra 53 mil neste ano.
No entanto, esses números mostram que foi menor a quantidade de pessoas que já constavam no banco de dados do SCPC e procuraram limpar o nome. Foram 55 mil exclusões de devedores entre janeiro e setembro de 2016 contra 40 mil até 30 de setembro último. Esses dados são referentes a débitos junto ao comércio local ou com a prefeitura, pendências como IPTU ou dívida ativa. Veja os números completos abaixo.
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AVALIAÇÃO DOS NÚMEROS
Para o diretor de serviços da CDLSM, Marcio Rabelo, a diminuição nas inclusões de nomes ao SCPC deve-se ao fato de os lojistas optarem por critérios mais rígidos na hora de dar crédito ao consumidor, fazendo com que ele deixe de comprar.
– Com menos vendas, há menos devedores e menos inclusões. É uma cadeia – analisa.
Além disso, sobre as exclusões, ele comenta que a redução de recuperação (exclusões) deve-se ao menor poder de renda.
– A crise deixou as pessoas descapitalizadas. Ou seja, a renda tornou-se básica para sobreviver, e as dívidas ficaram em segundo plano – afirma.
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A grande quantidade de pessoas com restrição de crédito reflete diretamente e de forma objetiva na economia local, garante o economista Alexandre Reis. Segundo ele, toda vez que há a restrição de crédito o volume de vendas no comércio diminuem.
– Como é grande o número de pessoas com restrição, isso faz com que as pessoas deixem de ter crédito e de comprar. O ideal seria um mutirão dessas entidades para tentar fazer um negociação em massa com essas pessoas que estão com dívidas e tentar fazer uma negociação que seja boa para ambos os lados. Uma conciliação do endividamento. Em síntese, consumidor com dívidas ou restrição de pagamento, favorece a diminuição do seu orçamento, consequentemente, novas vendas diminui – analisa Reis.
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Ainda segundo o economista, a queda nas vendas e até corte de empregos na cidade têm ligação com as restrições de crédito dos consumidores.
– Toda a crise econômica afeta vendas e o sistema produtivo. No entanto, neste segundo semestre estamos iniciando um processo de retomada do crescimento, mas muito lento ainda. A tendência é de melhora para o próximo ano. Desemprego é o grande vilão da macroeconomia, é um problema social e econômico. Afeta muito a vida das pessoas e do sistema econômico – observa o economista.
Reis acrescenta que outro fator que ocorre no Estado do Rio Grande do Sul e também contribui para o endividamento é o atraso e parcelamento de salários do funcionalismo público.
Inclusões de inadimplentes por IPTU ou dívida ativa na prefeitura também reduziram

EFEITO DOS DÉBITOS DO IPTU
Desde 2016, quando a prefeitura passou a incluir no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) pessoas com débitos de dívida ativa ou IPTU, o banco de dados aumentou consideravelmente. No primeiro ato, em março de 2016 foram mais de 50 mil inadimplentes que passaram a integrar a lista de devedores. Ao longo dos primeiros nove meses de 2016, esse número chegou a 67 mil pessoas. Em 2017, foi pouco mais da metade, cerca de 36 mil.
Apesar de as inclusões terem diminuído, as exclusões também caíram. Mas isso não é um bom sinal, pois mostra que menos contribuintes procuraram o Executivo para negociar suas dívidas e ter o nome limpo.
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O secretário de Finanças do município, Jean-Pier Vasconcellos Esquia, afirma que a prefeitura de Santa Maria é modelo no Estado em relação à cobrança do IPTU. Segundo Esquia, prefeituras de outras cidades vêm para cá para saber como o Executivo daqui consegue recuperar os valores não pagos pelos contribuintes, que é feito por meio desse sistema informatizado de envio das listas de devedores ao SCPC. Questionado se a remessa de milhares de devedores não pode ter causado impacto na economia, por deixar parte da população sem acesso ao crédito, o secretário Esquia respondeu:
– Sob o aspecto social, eu não posso opinar. Como secretário de Finanças, eu não posso renunciar a receita. Estou fazendo o que me foi atribuído. A cidade está cheia de buracos, e as pessoas estão precisando de uma saúde melhor, e para isso, as pessoas precisam pagar seus impostos.
COMO RETIRAR SEU NOME DO SCPC
1) É preciso ir até a sede da CDL Santa Maria, que fica na Rua Astrogildo de Azevedo, 354, para saber em qual empresa o consumidor está registrado. Para consulta é preciso levar o CPF e um documento com foto. Somente o titular do documento pode fazer a consulta. Em caso de terceiros, somente com procuração registrada em cartório. O local funciona das 9h às 17h, de segunda à sexta-feira.
2) Depois de saber, o registrado precisa negociar junto da empresa credora a melhor forma de quitar a sua dívida. O estabelecimento tem até 5 dias úteis para fazer a baixa do nome do banco de dados.